Quando
iniciamos a Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas recebendo-as sobre as nossas
cabeças como sinal de reconhecimento do nosso pecado e a necessidade de
conversão, a Palavra de Deus nos lembrava do jejum, esmola e oração (Mt 6,
1-6.16-18).
A caminhada quaresmal
conduz-nos a renovar a vida cristã, que no fundo é uma busca de recolocar-nos
no caminho da santidade, atitude que deve ser constante, mas que recebe um
incremento especial neste tempo favorável. “O aspecto mais sublime da dignidade
humana consiste em sua vocação para a comunhão com Deus. Desde o seu nascimento
o homem é convidado ao diálogo com Deus.” (GS 19)
É nesse
contexto que a Igreja propõe como um dos seus mandamentos “Jejuar e abster-se
de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja” (CIC 2043), contribuindo para nos
ajudar a preparar para as festas litúrgicas e a adquirir domínio sobre nossos
instintos e a liberdade de coração.
A Igreja
convida-nos, durante o tempo da Quaresma e depois também todas as sextas-feiras
do ano (em memória da Sexta-feira Santa) a termos momentos fortes de prática
penitencial.
O Diretório
Litúrgico da Igreja no Brasil (Anotações 3.5) resume a questão do Jejum e
Abstinência lembrando que estão obrigados à abstinência os maiores de quatorze
anos de idade e ao jejum os que estão entre os dezoito e os sessenta anos. E
ainda aí nos recorda: dias de penitência são todas as sextas-feiras do ano, que
pode ser com abstinência de carne ou outro alimento, ou ainda alguma outra
forma, como obra de caridade ou exercício de piedade.
Dias de Jejum e Abstinência são apenas a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira
Santa. E também aqui “a abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis
por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela
participação nesses dias na Sagrada Liturgia.”
Parece muito
pouco o que a Igreja nos pede para tão grandes resultados, mas a intenção é
que, dentro de uma orientação bastante aberta, possamos andar no caminho
sincero de conversão,
como aliás é o espírito dessa norma, pois lembra, à luz dos documentos, que
mesmo os que não estão sujeitos a essas práticas, sejam formados no sentido
genuíno da vida em conversão.
Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano